Faz tempo
Depois de 8 anos do primeiro casamento, reflito o quanto pude aprender, crescer e caminhar. Antes era um estúdio de poucos metros quadrados, dentro da favela do Heliópolis, e hoje, estamos em uma das principais ruas do bairro, ainda queremos mais, porém com planejamento e Deus, caminharemos para um destino melhor do qual foi desenhado.

Agora estou onde queria estar, em uma sala com paredes cinzas e brancas, quadros nas paredes, tapete no chão, uma televisão grande e uma planta no canto. Neste ambiente, mostro para os clientes a capacidade de sentir amor, captar a vida e de nos apaixonar por suas histórias. Nesta sala mágica, contemplo fotos do primeiro casamento. As emoções ali registradas não são possíveis de manipulação, não é possível direcionar e não é possível fazer.
No meu entendimento, a missão do fotógrafo é: captar, congelar, registrar e se apaixonar. Isso não é para qualquer um, todas as pessoas são capazes de fazer qualquer coisa, mas quando falamos de fotografia de amor, dificilmente quem não ama, vai entender ou captar a essência dos noivos. E ainda aqui nesta sala, fico me perguntando, como isso tudo começou.
A resposta só tem um sentido: missão, ideais, valores, família, lealdade, amizade e compromisso.
Tem coisas que nem esperamos fazer, então vem Deus e nos mostra um caminho lindo e cheio de possibilidades, um caminho melhor para o qual imaginamos ir. Assim, também penso sobre o amor, ele prepara coisas incríveis para nós, temos que apenas permitir e ser livres para amar.
Uma certa vez escutei que "santo de casa não faz milagre", mas também escutei, "que se os de casa não acreditam em nós, quem irá confiar?"
Isso me fez entender de uma vez por todas, a missão em Heliópolis, nesta cidade estão os meus amigos de infância, aqueles que conhecem os meus medos, valores, os que quando brincavam comigo sabiam dos meus esconderijos, entendiam quais valentões que eu enfrentava e os quais nunca bateria de frente. Amigos que sabiam das pancadas que levei e levo da vida. Aqui sabemos um dos outros das dificuldades humanas e financeiras.
Aqui não havia vergonha de não ter, mas havia muita vergonha de não ser honestos.
Para mim tudo começou neste bairro, então a primeira história do primeiro contrato do E29 que irei contar não poderia ser diferente.
Fiquem com Deus
Viktor Hugo - Fotógrafo.