No primeiro casamento, bati o carro.
Vou começar essa história de uma vez por todas, antes mesmo de ser fotógrafo, achava que essa profissão não era tão legal. Por um acaso em 2007 muito antes de imaginar um futuro profissional, comecei a trabalhar na assessoria de imprensa da subprefeitura de SP. Meu trabalho era criar artes, programação e fotografia. Sem perceber, gostava muito dessa área, pois me colocava em contato com as pessoas. A partir de então, tive contato novamente com a fotografia em 2011, quando já formado em publicidade dediquei-me a fotografia de e-commerce, mas isso não duraria por muito tempo, porque em 2012, um amigo iria casar e essa seria a oportunidade perfeita para estar novamente com pessoas em momento felizes.
Conheço o noivo desde pequeno, ele é amigo do meu irmão e sempre foi o que a turma desacreditava que um dia se casaria. Mas foi ele, junto com sua noiva que abriram portas para E29 entrar no mundo da fotografia de casamentos e participar de um momento muito especial.
Como amigos que éramos e somos, ele sabia que eu trabalhava com fotografia e me perguntou se eu fotografava casamentos, a resposta foi sim! Então continuamos conversando e ele perguntou: Mas você já fez algum casamento? A resposta foi não! Achei que terminaria por ali e ele não falaria mais sobre o assunto. Passou um tempo e ele me ligou perguntando se podíamos marcar uma reunião e se eu tinha um álbum para demonstrar o trabalho. Fiquei desesperado, se eu não havia feito fotografia de casamento, como teria algum álbum?

O dia da reunião chegou, levei um álbum de um casal de amigos, não sabia quem tinha feito e muito menos de onde vieram as impressões das fotos. Óbvio que a noiva faria mais questionamentos que o noivo e então começou a enxurrada de perguntas: Vocês já fizeram casamento? Vocês têm álbum para mostrar? Como será a espessura das páginas do álbum? Enquanto isso o noivo estava preocupado apenas como valor e a forma de pagamento.
Depois de tantas perguntas, fomos totalmente sinceros e contamos que nunca havíamos fotografado casamentos, explicamos como seria a espessura das páginas do álbum utilizando três cartões de visita e contamos que o álbum que estava em nossas mãos era emprestado. Depois das respostas, sabíamos que as chances de sermos contratados era zero (Ela disse que iria pensar direitinho e falar com o noivo).
Após uma semana recebi a ligação do meu amigo (o noivo) dizendo que contrataria a futura E29 para registrar o casamento

Felicidade e Ansiedade
Lembro-me que no dia anterior o Altiery e eu, parecíamos dois lutadores treinando os golpes, não haveria tempo para errar. Para quem não sabe, casamento no cartório é mais rápido que narração de jogo de futebol em rádio.
O tempo na fotografia de casamento, raramente é nosso amigo, mas vou dizer que para o nosso primeiro casamento as fotos ficaram lindas e não faria diferente, gosto muita das fotografias até hoje.
Para além da técnica ou conhecimento cultural comparado com hoje, nestas imagens consigo ver o amor, a paixão, a felicidade, a família e a vida. Esse sempre foi a nossa bússola, o propósito.
O casamento aconteceu em 16 junho 2012 em um cartório apertado na vila prudente. Chegamos alguns minutos antes. Quando os Noivos chegaram eu sabia que a partir daquele momento minha fotografia não seria a mesma, minhas mãos pareciam que jorravam água, o coração ficou acelerado e tudo foi inesquecível.

Colocaria naquele momento, sem treino prévio (isso é um erro), tudo o que havia aprendido: direção, iluminação, enquadramento etc. Essa era a expectativa, mas a ansiedade e a inexperiência atrapalharam muito, mas deixei tudo isso de lado e apliquei o que mais sabia fazer, olhar com sensibilidade a vida, o restante deixei com eles. Capturei os sorrisos, os toques, a felicidade, o amor e a paixão. Partimos então para o ensaio no botânico.
Antes do ensaio ao ar livre, passamos no mercado para comprar alguma coisa para comer (não sabia que fotografo não comia). Como tudo que se faz com rapidez pode dar errado, desta vez não foi diferente. No primeiro casamento, bati o carro que não era meu e sim do meu pai! Esse carro havia acabado de ser pintado do mesmo lado que havia batido. Pensei positivo: ainda bem o estrago não foi pior e fui embora.

Chegamos no ensaio e demos o melhor de nós. No final da sessão, estávamos parecendo duas crianças felizes com o presente na mão, percebemos que tínhamos ali lindas fotos para contar para as futuras gerações desta família, essa história de amor.
Em 2012, descobri que o noivo poderia amar e eu descobri que poderia ser fotógrafo de casamentos (a vida nos coloca em lugares muito distintos). Em dias anteriores estava fotografando tampas de privadas para e-commerce e em uma jogada do destino, no outro dia estava fotografando vida privada (gosto de piadas sem graças).
Muito obrigado Vanessa e Janilton por nos permitirem registrar nossa primeira história enquanto contávamos a história de vocês.
Fiquem com Deus
Viktor Hugo - Fotógrafo.